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Descobertas novas células envolvidas com a dor



Astrócitos


Pesquisadores japoneses revelaram um mecanismo até agora desconhecido para o controle da dor, oferecendo um alvo potencial para aumentar o efeito terapêutico de medicamentos analgésicos, sobretudo os mais fortes, como os usados para dor crônica.


O mecanismo envolve um grupo de células na medula espinhal que nunca haviam sido observadas.


Embora os neurônios sejam as células mais conhecidas do sistema nervoso central, uma variedade de células não neuronais - conhecidas há mais de um século - também desempenham uma ampla variedade de papéis importantes.


As células glia, por exemplo, receberam seu nome derivado da palavra grega para "cola", já que os cientistas a princípio imaginaram que elas só serviam para "colar" os neurônios e manter o cérebro coeso. Hoje, contudo, se sabe que elas são muito mais do que cola e, na verdade, são elementos essenciais para regular o desenvolvimento neuronal e a função do sistema nervoso central.


Entre os diferentes tipos de células gliais, os astrócitos são os mais abundantes no sistema nervoso central, mas, ao contrário dos neurônios em diferentes regiões do cérebro, os pesquisadores ainda precisam desenvolver uma compreensão detalhada dos agrupamentos de astrócitos com propriedades distintas - outra pesquisa recente descobriu, por exemplo, que alguns astrócitos são os maestros do cérebro.


Células sensíveis à dor


Agora, Yuta Kohro e seus colegas da Universidade de Kyushu descobriram uma população única de astrócitos da medula espinhal com um papel na produção de hipersensibilidade à dor.


Encontrados nas duas camadas externas da massa cinzenta, perto da parte posterior da medula espinhal - um local conhecido como lâmina superficial do corno dorsal espinhal -, os astrócitos estão em uma região conhecida por transportar informações sensoriais gerais, como pressão, dor e calor, de todo o corpo para o cérebro.


Fazendo experimentos em cobaias, os pesquisadores comprovaram que a estimulação de neurônios noradrenérgicos (NAérgicos) - assim chamados por seu uso de noradrenalina como neurotransmissor - que carregam sinais do locus coeruleus (LC) no cérebro até o corno dorsal espinhal ativa os astrócitos, e que a ativação dos astrócitos resulta em hipersensibilidade à dor.


Essas observações derrubam a visão prevalecente entre os neurocientistas de que os neurônios LC-NAérgicos descendentes suprimem a transmissão da dor no corno dorsal espinhal.


"A descoberta desta nova população de astrócitos revela um novo papel dos neurônios descendentes LC-NAérgicos em facilitar a transmissão da dor na coluna," destacou o professor Makoto Tsuda.


Noradrenalina na medula espinhal

Considerando essas descobertas, suprimir a sinalização desses astrócitos pela noradrenalina pode aumentar o efeito de medicamentos para a dor crônica.


Para testar essa hipótese, os pesquisadores criaram camundongos geneticamente modificados, nos quais a resposta dos astrócitos à noradrenalina foi inibida seletivamente, e deram-lhes duloxetina, uma droga analgésica que aumenta os níveis de noradrenalina na medula espinhal, impedindo a absorção pelos neurônios descendentes LC-NAérgicos.


De fato, os camundongos modificados geneticamente apresentaram um maior alívio da dor crônica pela duloxetina, apoiando ainda mais o papel dos astrócitos proposto pelos pesquisadores.


"Embora ainda precisemos de mais estudos com diferentes medicamentos, essa população de astrócitos parece ser um alvo muito promissor para aumentar o potencial terapêutico de medicamentos para a dor crônica," disse Tsuda.


Checagem com artigo científico:


Artigo: Spinal astrocytes in superficial laminae gate brainstem descending control of mechanosensory hypersensitivity

Autores: Yuta Kohro, Tsuyoshi Matsuda, Kohei Yoshihara, Keita Kohno, Keisuke Koga, Ryuichi Katsuragi, Takaaki Oka, Ryoichi Tashima, Sho Muneta, Takuya Yamane, Shota Okada, Kazuya Momokino, Aogu Furusho, Kenji Hamase, Takumi Oti, Hirotaka Sakamoto, Kenichiro Hayashida, Ryosuke Kobayashi, Takuro Horii, Izuho Hatada, Hidetoshi Tozaki-Saitoh, Katsuhiko Mikoshiba, Verdon Taylor, Kazuhide Inoue, Makoto Tsuda

Publicação: Nature Neuroscience

Vol.: 23 (11): 1376

DOI: 10.1038/s41593-020-00713-4


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