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O poder da música no isolamento

Profissionais da música falam sobre a importância de apertar o botão do 'play', sobretudo, neste momento de pandemia


Por Ana Beatriz Garcia

25/06/2020 - 05h00

Que a música nos ativa memórias, é capaz de mudar nosso humor e nos relaxar, todos sabem. Estudos já comprovaram que são vários os benefícios causados por esse conjunto de notas harmoniosas que, em diferentes estilos, agradam aos ouvidos e, ainda, podem nos distrair do estresse, favorecer uma boa noite de sono e até aumentar nosso limiar de dor.


Neste momento que, para muitos, vem sendo de solidão, cabe a frase do escritor dinamarquês Hans Christian Andersen, "onde as palavras falham, a música fala" (em tradução livre), para destacar que ela tem surgido como um alento para muitos, como diz a cantora Denise Amaral. "Sinto que as pessoas estão descobrindo maior sensibilidade por conta de momentos vividos nesta pandemia. Eu mesma, antes de começar a fazer serenatas, dei uma pirada. Mas sempre cantava em casa, sozinha, porque isso me faz bem. Eu acordo pensando em música", afirma a profissional que tem feito serenatas, desde o início da quarentena, em Bauru, para levar a música como presente, ao lado dos músicos Isaac Ferraz e Paulo Maia.


"É lindo ver as reações das pessoas, o brilho no olhar ao ouvir uma canção de que gosta. Eu canto há muitos anos e nunca senti essas emoções que também estão sendo diferentes para mim, quando posso cantar para adultos e até jovens que se emocionam com as músicas", afirma.


AINDA MAIS IMPORTANTE


Para a maestrina Sônia Berriel, que tem na bagagem 60 anos de relacionamento com a música, este é um momento em que o tema ganhou ainda mais destaque na vida das pessoas. "Ela sempre foi muito importante, agora é ainda mais. A música pode ser uma companhia diária para os que estão enfrentando sozinhas ou com dificuldades essa pandemia", diz.

Em sua casa, cânticos gregorianos e eruditos ressoam desde a manhã até a noite, como trilha sonora de seus dias. "A música faz bem. Ela eterniza momentos. É capaz de relaxar, de dar ânimo e força para enfrentar momentos difíceis. Em casa, não ficamos sem elas no nosso dia. Acredito que ouvir músicas nessa quarentena é uma forma de terapia", comenta.


'EFEITO TERAPÊUTICO'


A musicoterapeuta e psicóloga Paula de Marchi Scarpin Hagemann ressalta que, de fato, a música pode trazer diversos benefícios à saúde e à mente. "É importante destacar que existem muitas diferenças em utilizar a música em uma terapia junto a um profissional de saúde e em escutar músicas em casa. Neste segundo, a música tem efeito terapêutico. É aquilo que fazemos pelo bem de nós mesmos e pensando em nosso bem-estar, buscando as nossas preferências musicais", salienta.


A profissional ressalta que, neste cenário de pandemia, independente de como a vida estiver, vale ressignificar alguns momentos em casa. "É uma chance de tentar dar novo sentido para algumas coisas, neste momento atípico em que estamos vivendo, uma forma de criar uma rotina em que a música se faça mais presente. Como é o meu despertar? Como você relaxa? Como faz as suas interações com amigos? Vale tentar inserir as músicas que te remetem a coisas boas e fazer o resgate de experiências e vivências", conclui.


PARA OS PEQUENOS


Paula Martins, sócia-proprietária da Bravo Academia de Música e doutoranda em Ciências com ênfase em neurociência e musica pela Universidade de São Paulo (USP), percebeu que, nos últimos tempos, houve aumento na procura por aulas de música. "Talvez isso ocorra pelo momento que estamos vivenciando, onde as pessoas estão tendo um certo 'tempo' para retomar antigas vontades ou até mesmo se aventurarem em novas atividades", afirma.

A profissional, que é violonista, atua com crianças e desenvolve intensa pesquisa em música aplicada às áreas da Neurociência, Psicologia e Neuroeducação, ainda explica que, como já comprovado cientificamente, o aprendizado musical é uma estratégia útil na promoção da saúde física e mental. "Diminui a ansiedade, promovendo o bem-estar e melhorando a qualidade de vida de pessoas de diversas faixas etárias", destaca. Para os pequenos, o "fazer" musical ainda é um processo de construção do conhecimento, que tem como objetivo despertar e desenvolver o gosto musical. "Favorece o desenvolvimento da sensibilidade, criatividade, senso rítmico, do prazer de ouvir música, da imaginação, memória, concentração, atenção, autodisciplina, do respeito ao próximo, da socialização e afetividade", conclui.




Grupo Longevita - Academia Terapêutica

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