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Quedas são o grande temor dos idosos: entenda por que se preocupar

Por: Dante Senra (9/11/2019)

Com uma população de quase 30 milhões de idosos no Brasil, difícil encontrar quem não conviva de maneira próxima com alguém nesta faixa etária. Esta possibilidade de relacionamento tende a aumentar, pois estima-se que em dez anos, nosso país chegará a 39 milhões de idosos, ou seja, 18% do total de habitantes. A longevidade é considerada um grande triunfo da humanidade, mas traz com ela o enorme desafio da manutenção da qualidade. A queda é a principal causa de morte acidental e perda de funcionalidade nessa população que cresce. Com poucos cuidadores formais no Brasil (a profissão não foi sancionada pelo estado), famílias menores e filhos que trabalham o dia inteiro, o conhecimento das comorbidades e causas das disfuncionalidades dessa população é fundamental para o enfrentamento dessa situação.


Embora comum entre os idosos, a queda não deve ser encarada como um evento normal. Isto porque o idoso nunca sai intacto desse episódio que acarreta pelo menos um trauma de ordem emocional levando a perda da autoconfiança e aumento do grau de dependência, o que é conhecido como "síndrome pós-queda".


Estima-se que cerca de 35% das pessoas acima de 65 anos caem pelo menos 1 vez por ano e esse número aumenta conforme a idade avança. Para piorar, um em vinte (5,2%) daqueles que sofreram uma queda (antes de pesquisar, achei que era bem mais) sofrem uma fratura óssea e 50% destes, mesmo sem fraturas ficam internados (é um dos motivos que mantêm por mais tempo o indivíduo no hospital).


Dos idosos que moram em casas de repouso, a frequência de quedas é ainda maior, chegando a 50%. Imagine deixar um casal de seus entes queridos em uma casa de longa permanência (esse é o nome que se dá aos asilos de hoje) e ter a certeza que um deles cairá pelo menos uma vez no período de um ano.


E obviamente, como já disse, quanto maior o número de quedas, maior a perda de autonomia e possibilidade de dependência. Cerca de 30% a 40% dos idosos que quebram o fêmur, por exemplo, não conseguem recuperar totalmente sua capacidade funcional, ou seja, deixam de realizar diversos movimentos.


Ainda, depois que uma pessoa cai, a probabilidade de cair novamente é maior, aumentando o chamado processo de fragilização do idosos.


Esses dados, segundo estudos, mostram que a cada ano no Brasil, cerca de 10% da população com idade acima de 75 anos perde a independência em uma ou mais atividades da vida diária em decorrência da queda, o que a transforma em um evento devastador na vida e um enorme problema de saúde pública. As principais causas de todas as admissões no hospital relacionadas a quedas são: fratura do quadril, fêmur, costelas e lesões traumáticas do cérebro.


Os mesmos estudos demonstram que para os idosos não institucionalizados, 60 a 70% das quedas ocorrem dentro de seus lares, o que é esperado, visto que lá passam a maior parte do tempo


Por que ocorrem as quedas?


No Brasil, o fenômeno do envelhecimento é bastante novo. As projeções das Nações Unidas dão conta de que a população idosa em nosso país aumentará de 3,1% em 1970 para 19% em 2050.


Esta velocidade sem precedentes, que não encontra similaridade em nenhum outro país do mundo, associada as dificuldades da economia, não permitiram que se desenvolvesse a cultura do autocuidado. Perde-se funcionalidade nos últimos 10 anos da vida sobretudo por falta de investimento na saúde.


Isto significa que envelhecemos acima do peso e sem atividade física, situação que agrava as perdas ósseas e musculares já inerentes da idade avançada dificultando o enfrentamento desse momento. Estas perdas produzem alterações da postura e do equilíbrio, o que aumenta a possibilidade de quedas.


Além disso, ao adquirirmos idade na maioria das vezes também adquirimos doenças crônico-degenerativas como artrites, reumatismo, labirintites, diabetes (que pode piorar a visão), doenças que afetam a mobilidade como Parkinson e esclerose múltipla, além de problemas na visão como a catarata ou degeneração macular. Dentre as causas comuns responsáveis pelas quedas frequentes supostamente sem explicação estão as arritmias cardíacas que podem ser esporádicas e de difícil detecção.


Para agravar o problema, muitos idosos fazem uso de medicamentos para dormir e tem a necessidade de acordar a noite para urinar (muitos também tomam diuréticos ou tem problemas de próstata), levando a perda do equilíbrio.


Soma-se a tudo isso a osteoporose, comum na idade avançada, sobretudo nas mulheres, o que promove enorme fragilidade óssea tornando as fraturas pós queda mais frequentes.


Como evitar?


No âmbito pessoal, tentar chegar à idade avançada em boas condições de saúde amenizaria em muito esse problema, mas concordo que nem sempre isso é possível. A luta pela sobrevivência toma conta de nossas vidas e muitas vezes nos "rouba" a possibilidade do cuidado.


Também muitas das situações descritas acima nos são impostas pela loteria genética e precisam ser administradas.


Mesmo assim, alguns cuidados tem reduzido em muito a ocorrência de quedas. Exames médicos periódicos, fisioterapias, alongamentos, cuidados com a nutrição, ajuste de horários de medicação e acompanhantes para os idosos mais frágeis são fundamentais (embora nem sempre possíveis).


Dentro de casa, é importante manter a iluminação adequada, retirar tapetes, preferir quartos para os idosos no andar térreo evitando degraus (se impossível, estes não podem ser muito altos ou estreitos), instalar corrimãos em corredores e barras nos banheiros principalmente ao lado do vaso sanitário e do chuveiro. Ainda no banheiro instalar antiderrapantes e embutir o trilho do box (preferível até retirar a porta de vidro). Tapetes dentro dos boxes costumam ser armadilhas também. Evite móveis e objetos pequenos espalhados pelos cômodos, cuidado com calçados e chinelos e lembre-se que os objetos de uso diário devem estar sempre à mão ou em prateleiras baixas.


Os animais, embora tragam benefícios à vida dos idosos, também podem ser um risco à segurança, uma vez que tropeçar neles é bastante frequente.


A paciência e o amor precisam se manifestar neste momento. A solidão e o desamparo, já são reconhecidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como extremamente nocivos à saúde dos idosos. Dizem que cuidar do idoso é tratar o futuro com respeito. Ninguém de nós vai ficar de fora.


Todos daremos trabalho quando idosos. Feliz daquele que tem amor para receber neste momento da vida, mesmo que durante a trajetória não tenham sido construídas relações.


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